Anemia: o que é, quais são os sintomas e tratamentos?

In Geral, Saúde

De acordo com dados da OMS, mulheres e crianças são mais suscetíveis a contrair a enfermidade.

Ana Júlia Alem

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 30% da população mundial tem anemia, sendo que, dentro dessa estimativa, grande parte são crianças abaixo de dois anos e mulheres de variadas idades. A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde constata que, no Brasil, 20,9% das crianças apresentam a doença, ou seja, cerca de 3 milhões de crianças. Além disso, em mulheres a doença também é percebida com frequência e resulta em 29,4% dentro da pesquisa.

“A anemia é definida pela carência de hemoglobina no sangue, uma proteína dos glóbulos vermelhos do sangue que transportam oxigênio pelo organismo. Ao contrário do que muitos pensam, a doença não é causada apenas pela má alimentação. Na verdade, ela pode ser consequência de inúmeros fatores, como perda de sangue, outras doenças já adquiridas ou por hereditariedade”, explica a hematologista Daniela Maciel.

A hematologista conta que, na maior parte das vezes, a anemia é a consequência de uma doença ou carência nutricional, e não uma enfermidade em si. Além disso, diz que as pessoas mais afetadas pela doença são mulheres em idades férteis, gestantes, lactantes ou crianças.

Tipos de anemia

A hematologista Laura Dias explica que apesar das anemias causadas pela falta de nutrientes serem as mais comuns, existem outros tipos que têm causas e sintomas diferentes, como os listados abaixo.

Por falta de nutrientes

A anemia ferropriva é causada pela falta de ferro no organismo de um indivíduo. “Na maior parte das vezes, é consequência de uma alimentação desbalanceada. Porém, pode ser causada pela perda de uma grande quantidade de sangue ou por conta de uma dificuldade do organismo de absorver o nutriente”, diz.

Já a anemia megaloblástica é consequência da carência de vitamina B12, que também pode ser resultado de uma má alimentação, problemas na absorção dos nutrientes ou uso de medicamentos. Laura afirma que esse tipo é mais comum em pessoas idosas, indivíduos que realizaram cirurgia bariátrica e com gastrite crônica ou úlceras.

Hereditárias

“No caso das hereditárias, a doença é resultado de mutações genéticas que comprometem a produção e vida útil dos glóbulos vermelhos. Geralmente, esse tipo de anemia é detectado logo após o nascimento ou durante a infância”, explica Daniela. 

A anemia falciforme é um dos tipos mais recorrentes das anemias hereditárias e se caracteriza por glóbulos vermelhos que possuem membranas alteradas que se rompem facilmente, causando a enfermidade. A talassemia, outro tipo hereditário, ocorre por conta da mutação genética que interfere na produção de hemoglobina, gerando hemácias menores e com menor quantidade de proteína para transportar oxigênio.

Por doenças autoimunes

De acordo com Daniela, o próprio organismo de pessoas com doenças autoimunes produz anticorpos que atacam os glóbulos vermelhos. Além disso, ela explica que esse tipo de enfermidade pode acontecer com pessoas de diferentes idades, mas é mais comum em jovens adultos e pode ser desencadeada por quadros virais ou câncer.

Por doenças crônicas

Segundo a explicação publicada em seu site, a Pfizer, companhia que investe na descoberta de tratamentos médicos inovadores, as anemias causadas por doenças crônicas são consequência da retardação da produção de hemácias e redução da sobrevivência das células.

A companhia também explica que pessoas com infecções, doenças autoimunes, hemofilia, problemas renais, diabetes e câncer estão mais propensas a esse tipo de anemia.

Por doenças na medula óssea

“Esses casos são os mais raros e se definem pela redução na produção de glóbulos vermelhos e outros componentes do sangue. O tipo pode ser adquirido ao longo da vida ou se dar por conta de outras doenças”, conta Laura.

Alguns fatores que podem desenvolver esse tipo de anemia são: radiação, quimioterapia, exposições a substâncias químicas tóxicas, e usos de medicamentos. Ademais, esse tipo de anemia pode ser hereditário ou ser desencadeada por conta de doenças como HIV, lúpus e hepatite.

Quais são os sintomas?

Segundo Laura, os sintomas da enfermidade não são específicos, por isso, muitas vezes é confundido com outras doenças. “Para ter um diagnóstico certeiro é necessário realizar exames laboratoriais de sangue”, diz.

As anemias podem ser classificadas em níveis conforme os valores de hemoglobina resultados no hemograma, como: 

  • Hemoglobina normal: acima de 13 g/dL nos homens e 12 g/dL em mulheres;
  • Anemia leve: entre 10 e 12 g/dL;
  • Anemia moderada: entre 8 e 10 g/dL;
  • Anemia grave: abaixo de 8 g/dL;
  • Anemia com risco de morte: abaixo de 6,5 g/dL.

Alguns dos sintomas mais comuns são: palidez da pele, cansaço, falta de apetite, dor de cabeça, tontura, falta de ar, mãos e pés frios, coração acelerado, sonolência e desejo de comer coisas estranhas.

“Durante minha adolescência, eu tive algumas fases de não me alimentar de maneira equilibrada e isso complicou bastante minha saúde naquela época”, comenta a estudante, Beatriz Santana. Ela conta que, nesse período, percebeu que seu cabelo estava caindo mais que o normal, se sentia muito cansada e falta de apetite.

“Depois de perceber os sintomas que meu corpo estava apresentando, resolvi fazer um exame para saber o que eu tinha, de fato. Depois do resultado, vi que não estava só com o nível de ferro baixo, mas sim que outros nutrientes e vitaminas também estavam em falta. Por isso, precisei tomar algumas cápsulas de vitaminas, mas o que realmente me ajudou foi a melhorar a qualidade da minha alimentação”, conclui ela.

Tratamentos

No caso de anemias causadas por déficit de nutrientes, é necessário repor por meio de suplementos, como sulfato ferroso, vitamina B12 e folato, e correção de alimentação. Em relação aos outros tipos de enfermidade, existem tratamentos específicos para cada um deles e todos exigem acompanhamento médico para que tudo seja corrigido da maneira adequada.

“Para as anemias hereditárias não há cura, só tratamentos com transfusões de sangue regularmente e dietas saudáveis. Com as causadas por doenças crônicas, o tratamento é outro e consiste em curar ou controlar a doença que está provocando a anemia. No caso das mais graves (doenças autoimunes ou na medula óssea), é necessário o uso de medicamentos que equilibram o sistema imunológico e estimulam a medula”, declara Laura.

A hematologista finaliza dizendo que para quem quer se prevenir, é importante tem uma alimentação balanceada e variada, evitar o uso de álcool, cuidar com a quantidade de medicamentos com ácido acetilsalicílico (como aspirinas e remédios que tratam sintomas de resfriados e gripe) e para mulheres com fluxos menstruais intensos, é imprescindível o acompanhamento médico para monitorar os níveis de hemoglobina.

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