O desenvolvimento da doença pode estar atrelado a diversos fatores.
Nátaly Nunes
O câncer no pulmão é um dos mais comuns no mundo e sua taxa de mortalidade é a maior. Por ano, milhões de pessoas são diagnosticadas com essa doença que em 85% dos casos está associada ao tabagismo. Porém, de acordo com informações do Centro para Controle de Doenças e Prevenção dos Estados Unidos (CDC), 10 a 20% dos casos têm acometido pessoas não fumantes e esses números estão crescendo cada vez mais.
Existem algumas explicações para pessoas que nunca usaram cigarro serem diagnosticadas com essa doença.
Causa
A oncologista Theara Cendi enfatizou alguns fatores para o desenvolvimento do câncer no pulmão em pessoas que nunca usaram cigarro. “O principal motivo é o cigarro, principalmente para as pessoas que fumam, mas também para as pessoas que convivem com fumantes. Uma exposição secundária que é um grande fator de risco”, aponta.
Ela adiciona que existem algumas substâncias cancerígenas usadas em construção civil, como o asbesto, combustíveis baseados em carvão e é claro, a poluição.
Segundo um estudo publicado no The Lancet Respiratory, cerca de 200 mil casos de adenocarcinoma (subtipo mais comum em não fumantes) foram associados à exposição à poluição do ar em 2022. Uma outra pesquisa foi feita em São Paulo para calcular o acúmulo de fuligem de carbono (que apresenta em sua composição componentes cancerígenos semelhantes aos do cigarro) no pulmão de uma pessoa exposta ao trânsito. A conclusão foi que duas horas nesse ambiente equivale a fumar dois cigarros por dia.
Outro ponto seria o uso de “vapes”. Como alternativa para parar de fumar, as pessoas procuram outras opções que parecem ser inofensivas. Os fumantes que migram do cigarro convencional para o eletrônico aumentam ainda mais a probabilidade de câncer.
Diagnóstico do câncer de pulmão
A oncologista apresenta, que na maioria dos casos, o diagnóstico é tardio pois a doença nos estágios iniciais é pouco sintomática, independente de fumar ou não, por isso a importância de estar com os exames em dia, principalmente as que têm exposição prolongada aos fatores antes citados. “As pessoas vão sentindo tosse crônica, tosse com sangramento, perda de peso e dores nos ossos. Mas os sintomas costumam aparecer em estágios mais avançados”, diz Theara.
Já a apresentação clínica varia entre esses dois grupos. Ela explica que fumantes costumam apresentar outras doenças relacionadas ao cigarro como doença pulmonar obstrutiva crônica, problemas cardíacos e diversas outras comorbidades. Também existe diferença no tratamento, pois os não fumantes tendem a ter uma mutação driver que favorece algumas terapias orais com comprimidos.
Por fim, a pneumologista Mayara Goulart reforça a importância de ter atenção dobrada, um bom sistema imunológico e que alguns cuidados são essenciais para manter uma boa saúde. “Mantenha os ambientes bem ventilados, beba bastante água, umidifique ambientes e evite a exposição ao sol em horários de pico”, orienta a médica.