Muito além do entretenimento: Jovens utilizam Tik Tok para o consumo de notícias.

In Ciência e Tecnologia, Cultura, Geral, Mundo
Pessoa usando Tik Tok

Segundo pesquisa, o uso da plataforma como fonte principal de informação quintuplicou em 2022.

Cristina Levano

O cenário da mídia social continua a evoluir dramaticamente com novas redes sociais como o Tik Tok entrando em campo. À medida que os nativos de mídia social desviam sua atenção do Facebook (ou, em muitos casos, nunca começam a usá-lo), outras plataformas, mais focadas visualmente, como Instagram, TikTok e YouTube, tornam-se cada vez mais populares para notícias entre esse grupo. 

De acordo com o Relatório de Notícias Digitais 2022 realizado pelo Reuters Institute, em apenas três anos o uso do TikTok para o consumo de notícias aumentou cinco vezes mais entre pessoas de 18 a 24 anos, passando de 3% em 2020 a 15% neste ano. Entre os tópicos abordados, a pesquisa revelou que este público substitui os sites de notícias pelas redes sociais como principal fonte de informação. 

No entanto, a popularidade do vídeo online não significa que os formatos baseados em texto e áudio não exerçam um papel importante nos hábitos de informação dos jovens. 

Aqueles com menos de 35 anos ainda dizem que preferem ler, principalmente, (58%) em vez de assistir (15%), como forma de consumir notícias. Alguns disseram estar procurando uma mistura de conteúdo de texto e vídeo para entender melhor as informações. 

Outros, majoritariamente nos mercados da Ásia-Pacífico e da América Latina, são atraídos por formatos baseados em áudio, como podcasts, que permitem aos usuários realizar várias tarefas enquanto ouvem. Não existe uma abordagem ou meio único por meio dos quais as redações possam atrair o público mais jovem.

De qualquer forma, a pergunta continua sendo: O que faz com que essas redes sejam tão atraentes para os públicos mais jovens com relação ao consumo de notícias? 

Informação simplificada

Segundo os dados obtidos pelo instituto, atualmente a principal fonte de notícias do público mais jovem são  as mídias sociais, substituindo consistentemente os sites de notícias.  Dos entrevistados, 39% são nativos sociais (pessoas de 18 a 24 anos),  agora, eles usam mais as redes sociais para se informar em comparação com o 34% que prefere ir diretamente a um site de notícias.

Entre outros resultados, 15% dos jovens (abaixo de 35 anos) em países como Austrália, EUA e Brasil asseguram que um dos motivos que os fazem usar as redes sociais para se informar é a dificuldade de acompanhar as notícias.

Pablo Nuñez, jovem de 19 anos, não costuma acompanhar as notícias em sites ou na TV, pois atrasa sua rotina. Por isso, ele acha mais fácil e prático ler ou assistir as notícias utilizando as redes sociais.

“Como os vídeos são em um período curto de tempo, a informação é mais objetiva, assim consigo economizar meu tempo, e ficar ligado com o que está acontecendo,” declara Pablo.

Assim, a pesquisa revela que os jovens que são atraídos pelo estilo informal e divertido das plataformas de mídia visual (em especial do vídeo online), o descrevem como mais personalizado e diversificado do que a televisão, como um recurso para eventos em rápida mudança e como um meio para interesses de nicho, como a cultura pop, viagens, saúde e bem-estar.

“Ao ser utilizada uma linguagem mais dinâmica, é mais divertido acompanhar as notícias e às vezes fica mais fácil de entender algumas informações. Sinto que (redes como o tik tok) quebram essa barreira que existe entre a tv e as pessoas,” acrescenta Pablo.

Um jornalismo adaptável

À medida que o mundo digital avança, as formas de consumo de notícias aumentam e se diversificam. Com a perspectiva da expansão, diversos veículos jornalísticos precisaram se adaptar a esta nova realidade, buscando divulgar seus conteúdos em outros formatos com uma linguagem diferente e, assim, ter um maior alcance do público alvo.

O jornalista Maurício Ferro, criador e diretor do Correio Sabiá, acha importante que os jornais trabalhem com as novas audiências e que mantenham uma visão de como será seu público em alguns anos. Da mesma forma, aclara que cada veículo jornalístico tem e deve ter sua própria estratégia específica.

“Cada jornal deve escolher a rede que se adapte a sua estratégia e ao seu público. Alguns vão falar, por exemplo, de YouTube, Instagram, enfim, cada um trabalha melhor de acordo com as suas próprias necessidades. No caso do correio Sabiá, a gente optou pelo TikTok porque era necessário trabalhar com essas novas audiências e por que fazia sentido para a gente publicar vídeos que estavam relacionados com a nossa cobertura jornalística”, alega Maurício.

A divulgação nas redes funciona de diversas formas. Por exemplo, no Correio Sabiá, ao criar um material o fazem multiplataforma, enviando uma curadoria de notícias pelo WhatsApp, em que às vezes conseguem ilustrar as informações que foram escritas e com vídeos que publicaram em outras redes sociais. Igualmente, no caso do Instagram e do Tik Tok, ao dar alguma notícia, incluem o link daquilo que foi publicado em uma outra rede, para que as pessoas com interesse possam ingressar .

Eles escolheram essa plataforma porque: “o algoritmo do Tik Tok faz o vídeo render, pois circula durante muito tempo. Ele não é tão efêmero quanto outras redes sociais. O vídeo do TikTok quando performa bem no início, logo que você publica ele continua tendo uma vida útil bastante longa;” conclui o CEO Ferro.

Por mais que as redes sociais sejam muito úteis para divulgar informações, é recomendado tomar cuidado, revisar quem está dando a notícia e conferir, para não cair nas ondas de notícias falsas.

You may also read!

Pausa do mundo online é necessária para manter o equilíbrio emocional

Em um mundo cada vez mais digital, a busca por equilíbrio mental e físico se torna necessária para fugir

Read More...

Fora das quadras: o que atletas fazem após se aposentar?

Como atletas de alto rendimento mudam a rotina – e a profissão – ao deixarem as competições. Helena Cardoso

Read More...

Deep fakes: o novo pesadelo da era digital

Especialistas alertam para traumas psicológicos e consequências legais para agressores, que podem pegar até 6 anos de prisão. Vefiola

Read More...

Leave a reply:

Your email address will not be published.

Mobile Sliding Menu