Campanha do Novembro Azul reforça a necessidade do diagnóstico precoce no combate ao câncer de próstata.
Gabrielle Ramos
O câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais comum entre homens, responsável por aproximadamente 15 mil mortes anuais. Para 2025, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) prevê um aumento de 8,5% nos casos da doença.
É nesse contexto, que a campanha do Novembro Azul alerta os homens sobre o câncer de próstata. “A importância dessa campanha é entender que ele tem uma chance de cura superior a 90% a 94% dos casos quando é detectado de forma precoce”, explica o urologista e cirurgião robótico Dorival Duarte Junior.
Características e fatores de risco
O câncer de próstata costuma ter evolução lenta e, muitas vezes, é assintomático. “Só começamos a perceber sinais e sintomas quando o câncer já está localmente avançado”, explica afirma o urologista.
Dessa forma, muitas vezes, o câncer de próstata somente é detectado quando aparecem sinais como sangramento na urina, alterações intestinais, dores ósseas, fadiga e perda de peso, entre outros.
No entanto, o especialista explica que diversos fatores podem aumentar o risco de desenvolvimento desse tipo de câncer, como idade avançada, histórico familiar, síndrome metabólica, alimentação inadequada e tabagismo.
Prevenção e diagnóstico precoce
Para reduzir o risco de desenvolver câncer de próstata, é importante evitar os fatores de risco que sejam modificáveis. “Parar o tabagismo, e obviamente ter uma alimentação saudável, evitar ou tratar a hipertensão, a diabetes e atividades físicas” são exemplos, comenta Dorival.
Outra prática importante é a realização de exames de rotina a partir dos 45 anos, mas caso haja fatores de risco, deve-se começar antes dessa idade. Entre os exames recomendados estão a dosagem do PSA, um exame de sangue que analisa a quantidade de uma substância produzida pela próstata e o exame físico. “Um exame não substitui o outro”, afirma o especialista.
O médico explica que o diagnóstico precoce não só aumenta as chances de cura, mas também contribui para melhores resultados nas cirurgias. Por isso, as pessoas não devem esperar o aparecimento dos sintomas para buscar ajuda.
Preconceito
A desinformação e o machismo, com o medo de que o exame possa causar disfunções sexuais, leva muitos homens a evitar os exames preventivos de próstata. “Isso é antiquado…ninguém deixa de ser homem por fazer ou não fazer um exame físico. Então esse preconceito, esse tabu tem que ser superado”, esclarece o médico.
O especialista explica que essa relutância em realizar o exame frequentemente resulta em diagnósticos tardios, o que dificulta o tratamento e reduz as chances de cura.
Tratamento
A definição do tratamento para este câncer leva em consideração a classificação da gravidade. Para casos iniciais, os tratamentos incluem vigilância ativa, radioterapia e cirurgia. Já os moderados, a combinação de radioterapia com bloqueio hormonal e a cirurgia de retirada da próstata são as opções mais comuns. Nos graves, o tratamento é trimoda.
O médico ressalta que os avanços tecnológicos na área têm sido essenciais para o sucesso no tratamento desse tipo de câncer. Um exemplo disso é a cirurgia robótica, minimamente invasiva, que permite maior precisão. Dessa forma, complicações que eram mais comuns, como a disfunção erétil, tornam-se mais difíceis de ocorrer.
Outro avanço significativo, já utilizado em alguns locais dos Estados Unidos e Europa, é o ultrassom focal da próstata de alta intensidade. “No Brasil ele ainda está sob protocolo de pesquisa…mas eu acredito que ao longo dos anos vamos entender a real eficácia desse tratamento e aplicaremos nos nossos pacientes também”, informa.